Irmãos, evitemos o orgulho e a vã glória. Evitemos a sabedoria deste mundo e a prudência egoísta. Pois aquele que é escravo das suas tendências egoístas investe muito esforço e aplicação na formulação de discursos, mas muito menos na passagem aos actos: em lugar de procurar a religião e a santidade interiores do espírito, quer e deseja uma religião e uma santidade exteriores e visíveis aos olhos dos homens. É sobre eles que o Senhor diz: «Em verdade vos digo, receberam a sua recompensa» (Mt 6,5). Pelo contrário, aquele que é dócil ao Espírito do Senhor quer mortificar e humilhar esta carne egoísta. [...] Dedica-se à humildade e à paciência, à simplicidade pura e à verdadeira paz de espírito; o que deseja sempre e acima de tudo é o temor de Deus, a sabedoria de Deus e o amor de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.
Ofereçamos todos os bens ao Senhor, Deus altíssimo e soberano; reconheçamos que todos os bens Lhe pertencem; demos-Lhe graças por tudo, pois é d'Ele que procedem todos os bens. Que Ele, o Deus altíssimo e soberano, o único Deus verdadeiro, obtenha e receba todas as honras e todo o respeito, todos os louvores e bênçãos, todo o reconhecimento e toda a glória; pois todo o bem está n'Ele e só Ele é bom.
São Francisco de Assis (1182-1226), fundador da Ordem dos frades menores
Primeira regra, § 17
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