Quando vejo como algumas pessoas entendem a vida de piedade, o convívio de um cristão com o seu Senhor, e dela me apresentam uma imagem desagradável, teórica, feita de fórmulas, repleta de lengalengas sem alma, que mais favorecem o anonimato do que a conversa pessoal, de tu a tu, com o nosso Pai Deus – a autêntica oração vocal nunca admite o anonimato – recordo aquele conselho do Senhor:
nas vossas orações, não useis muitas palavras, como os gentios, os quais julgam que serão ouvidos à força de palavras.
Não os imiteis, porque o Vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de que vós lho peçais.
E comenta um Padre da Igreja:
penso
que Cristo manda que evitemos as orações longas; longas, porém, não
quanto ao tempo, mas quanto à multiplicidade interminável de palavras...
O próprio Senhor nos deu o exemplo da viúva que, à força de súplicas,
venceu a renitência do juiz iníquo; e
o daquele importuno que chegou a desoras, à noite, e pela sua teimosia,
mais do que pela amizade, conseguiu que o amigo se levantasse da cama
(cfr. Lc XI, 5–8; XVIII, 1–8).
Com
esses dois exemplos manda-nos que peçamos constantemente, não compondo
orações intermináveis, mas antes contando-lhe com simplicidade as nossas
necessidades.
De qualquer modo, se ao iniciar a vossa meditação não conseguis concentrar a atenção para conversar com Deus, se vos sentis secos e a cabeça parece que não é capaz de ter sequer uma ideia ou se os vossos afectos permanecem insensíveis, aconselho-vos o que tenho procurado praticar sempre nessas circunstâncias:
ponde-vos na presença do vosso Pai e dizei-Lhe pelo menos: "Senhor, não sei rezar, não me lembro de nada para Te contar!"
... e estai certos de que nesse mesmo instante começastes a fazer oração.
São Josemaría
(Amigos de Deus, 145).
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