O Batismo do Senhor Jesus no Rio Jordão – Joachim Patinir (séc. XVI)
No Baptismo de Jesus nas margens do Jordão, revela-se o Filho amado de
Deus, que veio ao mundo enviado pelo Pai, com a missão de salvar e
libertar os homens. Cumprindo o projecto do Pai, Jesus fez-Se um de nós,
partilhou a nossa fragilidade e humanidade, libertou-nos do egoísmo e
do pecado, empenhou-Se em promover-nos para que pudéssemos chegar à vida
plena.
«O Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como uma
pomba»
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São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de
Constantinopla, doutor da Igreja
- Homilia nº 12 sobre o Evangelho segundo São Mateus
Consideremos o grande milagre que se produziu a seguir, uma vez que ele
constitui o prólogo daquilo que iria passar-se em breve. Logo após o baptismo
do Salvador, não foi o antigo Paraíso que se abriu, foi o próprio céu: «Uma
vez baptizado, [...] eis que se rasgaram os céus» (Mt 3,16). Porque se terão
aberto os céus aquando do baptismo de Jesus Cristo? Para nos ensinar que o
mesmo se passa no nosso: assim nos chama Deus à nossa pátria celeste e nos
convida a não ter mais nada em comum com a terra. [...] E se agora não
conseguimos ver os mesmos sinais, recebemos no entanto as mesmas graças, das
quais os sinais eram o símbolo.
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O
céu abriu-se
A
oração de Jesus é como uma ponte, uma escada. Há uma palavra
humana que sobe e há uma resposta divina que desce. A oração do
humilde é perfurante (Cfr. Sir 35, 17), ela fende o céu e esventra
as suas riquezas. Neste cenário abre-se o céu, como quando a lança
abriu o coração de Jesus e dele saiu sangue e água. Recordemos de
quantos episódios de abertura está recheada a Bíblia. As aberturas
que Deus faz são sempre incisões no seu próprio coração, porque
o céu é o coração de Deus, e dele apenas pode manar o seu amor.
E aqui está! Jesus golpeia o
céu e dele escorre o Espírito Santo com uma declaração de amor.
Esta cena faz-nos compreender o teor do baptismo. É essencialmente
uma chuva do amor de Deus. O Espírito mantém o movimento daquela
água da Criação (Gn 1, 1) da qual tudo brota, na qual tudo recebe
fecundidade. Então, queridos amigos e amigas, ser baptizado é
aceitar ser (re)criado a partir do amor, é aceitar este lume vivo
dos céus, deixar-se permanecer num Pentecostes aceso. É esperar que
tudo o que nos é essencial venha do Céu, mas... num operoso esforço
por tornar-se Céu de Deus.
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