“Eu andava à tua procura,
embora totalmente às escuras:
estava persuadido
de que só uma beleza infinita
poderia saciar e acalmar os ardores do meu
coração.
Como estava longe, naquele momento,
de acreditar que fosses quem tu és!
Chamei-te e não respondeste,
busquei-te no recôndito das montanhas,
no meio dos bosques,
pelos cumes dos rochedos solitários
e não te achei.
Na solidão do monte gastei o meu vigor à tua
procura;
nas belas manhãs da primavera,
nas tardes calmas de verão,
nas noites frias e gélidas do inverno,
nas noites serenas do verão,
sobre os cumes dos montes,
busquei-te e não te achei.
Onde estavas então?
Ah, estavas tão perto e eu nem sabia,
estavas dentro de mim mesmo
e eu te procurava tão longe!
Por que não te manifestaste?
Finalmente achei-te.
Encontrei-te porque tu saíste ao meu encontro,
achei-te porque te deste a conhecer.
B. Francisco Palau,
Minhas Relações, 28 de Março de 1867
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